Nossa sociedade mudou muitas coisas. Tecnologia avançada, informação atualizada a cada segundo, milhões de maneiras de investir recursos, estamos caminhando para a hipermodernidade. Uma pena que nossas cabeças ainda pensam como no período Paleolítico.
Será que convém mesmo que tudo evolua a nossa volta enquanto nossa mente muitas das vezes involui? Com esse questionamento em mente me dei conta de um pensamento que gira em torno de nossas mentes, praticamente, a vida toda."O homem vale mais do que a mulher."
Esta é a frase que está praticamente talhada em nosso DNA. Uma hipocrisia que acompanha as nossas publicidades, livros, músicas, teologias e concepções.
Como podemos afirmar tal coisa mesmo sem perceber?
Bem a resposta para essa pergunta esta justamente na simplicidade dela, nós não percebemos por que já está intrínseco em nossa cosmovisão de mundo e sociedade. Ao analizar algumas pequenas afirmações podemos entender a nossa ideia sobre homem e mulher.
"O pegador e a cachorra." Frase muito presente nas letras de FUNK (Pancadão), que nos mostra a importância da mulher na sociedade, comparada a um animal temos a ideia que ela deve se sujeitar, enquanto o "macho" torna-se mais importante na sociedade de acordo com o número de "cachorras" que "pega".
"Aquela ali eu já comi". Afirmação (muito mais comum do que se pensa) presente em rodas de amigos. A mulher comparada agora a comida, torna-se sem opinião, direito, ou atitude. Afirmamos então que a função da mulher na sociedade é servir de alimento para o homem, tendo como único objetivo satisfaze-lo. E, de mesma forma, um homem que tem ciumes exagerados da mulher, na verdade, tem medo de perder o controle que exerce sobre seu alimento e, assim, perde-la para outro macho. Exatamente como fazem os animais brigando por sua presa.
"Lugar de mulher é na cozinha - Esqueta a barriga no fogão e esfria na tanque." É engraçado como, através de bricadeira de criança, nós ensinamos as meninas o seu lugar. Damos tanquinhos e fogõeszinhos para que desde de pequenas aprendam seu lugar. As bricadeiras de criança nada mais são que um intermédio entre o mundo das crianças e do adulto. Queremos deixar bem claro que o papel da mulher se limita a cuidar de sua casa e seu marido.
Essa afirmações tão presentes em nosso cotidiano refletem somente um pensamento arraigado em nossas mentes ultra-modernas. E o movimento que tem lutado contra isso, na verdade, só tem se colocado mais a favor disso. A mulher valorizada torna-se a mulher que veste terninho, que é executiva milhonária, que não chora e não precisa de um homem. E é claro que não precisa de um homem, ela mesmo se tornou um homem! Por que uma mulher deve se "transvestir" de homem para ser valorizada como mulher? Não mudamos o pensamento, somente a atitude.
O nome desse pensamento é conhecido por todos, o machismo (A idolatria do macho). Que está bem mais presente em nossa sociedade do que se pensa. Quando vemos culturas como as do oriente médio nos desesperamos por que a mulher deve colocar burca para que o homem não a deseje. E por acaso não fazemos o mesmo quando impedimos que uma mulher use determinada roupa, e me refiro a algo não escandaloso, por que temos medo dos olhares de terceiros.
Não estamos tratando nossa mulheres como bonecas infláveis, como seres sem pensamento, ideia ou opinião?
Não estamos adotando para nós aquela ultrapassada idéia de termo-nos conosco uma "Maria", ou invés de uma ajudadora?
Não estamos querendo criar uma nação de "marias infláveis"?
Erick Nascimento
